segunda-feira, 28 de maio de 2012

Glicemia Pós-Prandial

Diabetes bem cuidado é sinônimo de qualidade de vida. Nos últimos tempos, a glicemia pós–prandial entrou definitivamente na lista de quem controla a taxa de glicemia com categoria e bom senso.

O endocrinologista Dr. Sérgio Atala Dib, coordenador do Centro de Diabetes da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, é uma figura reconhecida pela maneira como administra o tratamento de diabetes e pela sua capacidade de trabalhar simultaneamente em várias frentes, buscando a melhor forma de evitar que o diabetes se torne muitas vezes, abrupto e perigoso.

Para o especialista, manter o corpo em harmonia é puro planejamento. Pode-se prever e controlar essas oscilações de hipoglicemia e hiperglicemia com aplicações programadas de insulina, na quantidade requerida pelo organismo. A boa manutenção pode contar, além da glicemia de jejum, com a praticidade e os benefícios da glicemia pós-prandial. Veja a entrevista dada à De Bem com a Vida:

A maior parte das pessoas acredita que ao realizar uma única glicemia em jejum no laboratório e obter bom resultado, significa que o diabetes está bem controlado. Isto é verdade?

- Dr. Sérgio: Não. Embora a glicemia de jejum tenha uma boa correlação com outros parâmetros de controle glicêmico, principalmente no diabetes tipo 2, ela representa apenas um momento, entre as suas oscilações diárias. No diabetes tipo 1, por exemplo, a glicemia de jejum não apresenta uma correlação satisfatória com a hemoglobina glicada ou HbA1c que no momento é  o melhor parâmetro para avaliar o nível  do controle glicêmico dos pacientes com diabetes.

Qual a diferença entre a glicemia de jejum e a pós-prandial?

- Dr. Sérgio: A glicemia de jejum é aquela realizada após um período entre 8 e 10 horas, sem qualquer alimentação. A palavra pós-prandial significa: após a refeição. Portanto, glicemia pós-prandial se refere à concentração de glicose no sangue logo em seguida da refeição. A diferença entre a glicemia de jejum e a pós-prandial é que a primeira é precedida de um período de jejum e a segunda da alimentação.

Qual é a importância básica da glicemia pós-prandial para o organismo?

- Dr. Sérgio: A glicemia pós-prandial corresponde à avaliação da glicose no sangue 1 a 2 horas após a alimentação. Sabe-se que as concentrações de glicose no sangue começam a subir, aproximadamente, 10 minutos depois do início da alimentação, como resultado da absorção dos hidratos de carbono. A magnitude e o tempo do pico da concentração da glicose no sangue, após a refeição, depende de uma série de fatores, tais como o tempo em que esta é medida, a quantidade e a composição da alimentação. Em indivíduos que não têm diabetes, o pico da glicose no sangue, que ocorre cerca de 1 hora após o início da alimentação, raramente ultrapassa 140 mg/dL e retorna aos valores de antes da refeição, dentro de 2 a 3 horas.

Nos indivíduos com diabetes, os níveis poderão ser mais elevados e contribuir para que os níveis de glicemia pós-prandial sejam mais elevados e permaneçam por um período mais prolongado do que nos indivíduos que não apresentam esses quadros. O papel da hiperglicemia pós-prandial na etiologia das complicações relacionadas ao diabetes e a sua evolução, embora precise ser melhor elucidado, é maior do que antes se supunha. Portanto, as elevações agudas na glicemia – após a ingestão alimentar – estão associadas com uma variedade de alterações, tanto funcionais, como estruturais, no organismo, medidas pela glicose.

Por que a monitoração da glicemia pós-prandial é importante?

- Dr. Sérgio: Um grande número de estudos indica que a hiperglicemia pode constituir-se num valor de risco independente para doença macrovascular. A longo prazo, a presença da hiperglicemia pós-prandial é um fator preditivo significante de infarto do miocárdio e óbito. No diabetes gestacional o controle rigoroso da glicemia pós-prandial está associado com uma evolução melhor da mãe e do recém-nascido do que quando apenas os níveis de glicemia de jejum e os pres-prandiais são controlados.

Estes achados têm levado aos Diabetologistas concluírem que a hiperglicemia pós-prandial desempenha um papel mais importante na etiologia das complicações relacionadas ao diabetes e a sua evolução do que previamente estimado.
  
Diferença entre a Glicemia de Jejum e a Glicemia Pós-Prandial:-

Glicemia de Jejum: Teste realizado após 8 a 10 horas sem alimentação. Valor recomendado: de 90 a 130 mg/dL

Glicemia Pós-Prandial: Teste realizado após 1 a 2 horas da alimentação. Valor recomendado: < que 180 mg/dL

O que é a hemoglobina glicada (HbA1c)?

- Dr. Sérgio: A HbA1c é uma medida do grau de glicosilação da hemoglobina dos glóbulos vermelhos e é expressa como uma porcentagem da concentração total de hemoglobina. A HbA1c está relacionada ao tempo e à concentração da glicose, na qual a hemoglobina ficou exposta. Como a vida média dos glóbulos vermelhos é de 180 dias, os níveis de HbA1c nos fornece uma indicação da média dos níveis de glicemia durante os 2 a 3 meses, incorporando tanto as glicemias pré como as pós-prandiais.

Para que serve o teste da HbA1c?

- Dr. Sérgio: Como a glicemia varia muito, durante um período de 24 horas e de dia para dia, a medida de HbA1c é o melhor indicador, no momento, do controle a longo prazo da glicemia.

Qual a relação entre o controle da HbA1c, glicemia pós-prandial e o bom controle do diabetes?

- Dr. Sérgio: Uma alteração em 1% na HbA1c corresponde a uma alteração de aproximadamente 35 mg/dL na média das glicemias. É interessante chamar a atenção que no diabetes tipo 1, as glicemias que mais se correlacionam com a HbA1c são tomadas após o almoço e à noite ao deitar. Enquanto no diabetes tipo 2, existem estudos demonstrando que há uma boa correlação entre os níveis de HbA1c com a glicemia de jejum e com as glicemias pós-prandiais, medidas 1 e 2 horas após uma sobrecarga de glicose ou refeição.

(Revista “De Bem com a Vida” –  Roche Diagnostica do Brasil)

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