terça-feira, 1 de maio de 2012

Dor x Espiritualidade

Quem sabe você queira uma boa notícia para as suas dores, do tipo "toma um doril que a dor passa". Algumas enxaquecas até podem passar com um comprimido, outras porém, parecem não acabar nunca. Existem dores e dores. Umas são consequências de problemas físicos, outras psicológicas e até aquelas que são de ordem espiritual. A dor nos leva aos médicos. Seu incômodo muitas vezes cessa quando a prescrição certa alivia o corpo. No entanto, a dor se torna mais intensa quando a desconfiança leva a um exame mais detalhado que diagnostica algo mais sério que aumentará o sofrimento para outros níveis que mudam totalmente a vida.
A dor pode nos levar a frustrante solidão. Dentro de cada um de nós existe o desejo de fazer alguma coisa maior do que nós mesmos, de realizar algo que cause impacto, de marcar a nossa presença no mundo. Quando isso não acontece, a tendência é nos fecharmos dentro de nós mesmos e curtir dia após dia uma dor intensa na alma. Afinal não conseguimos fazer nada que venhamos a ser lembrados.
A dor pode nos levar à busca do espiritual. Os seres humanos podem até rejeitar a religião, mas não conseguem viver sem a abusca da espiritualidade. Às vezes lá estão eles com a sua dor diante daquele programa na TV, ou entrando sozinhos, às escondidas, numa igreja, ou lendo algum texto que possibilite uma ajuda do mundo não físico. Enfim, vivem a procura de algo místico que os liberte daquela situação.
A dor é uma indicação de que estamos vivos; só os vivos têm dor. Ela aponta para algo que não está bem em nós. Quanto mais silenciosa é a dor mais perigosa ela se torna, pois quando aparece de vez pode ser fatal.
Mas a dor pode ser uma porta aberta para o exercício da compaixão daqueles que se dispõem estar ao lado dos que sofrem. Contudo, pode mostrar também aquele lado insensível de muitos que não se importam, não abraçam e nem ajudam, um triste indicativo do egoísmo que as impede de chorar com os que choram.
A dor traz para perto os bons amigos. Ela é um teste para a amizade verdadeira que sempre encontra tempo para estar junto e junto carregar o fardo.
A dor pode proporcionar o maior dos milagres: o viver com Deus. Se a dor é consequência da decisão de se viver independente de Deus, ela só será amenizada a partir do momento que voltarmos para ele. Nascemos em meio às dores do parto de nossas mães. As dores farão parte de nossa existência. Livrar-nos delas será impossível. Porém, a possibilidade de enfrentá-las, bem como as suas consequências, é algo que podemos e devemos fazer, seja no sofrimento ou estando ao lado dos que sofrem.

(Revista ZN - nº 124 - ano 14)

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