Saiba por que quatro frases muito usadas pelos pais devem ser evitadas. E conheça outras quatro que só fazem bem aos filhos
Espere a raiva passar para discutir algo com seu filho
As palavras são o principal instrumento na educação de crianças e adolescentes. Com elas, você aconselha, dá bronca, orienta. Infelizmente, porém, nem sempre o que é dito com a melhor das intenções produz bons resultados. Muitos pais desconhecem o verdadeiro poder das palavras que utilizam, alerta a psicóloga carioca Giselle Nunes Salgado de Melo, especialista em educação de crianças e adolescentes. Sem saber, dizem coisas pensando no bem de seus filhos, mas utilizam frases que acabam tendo o efeito oposto.
Falar, por exemplo, que a criança vai cair se continuar correndo daquele jeito ou acusá-la de não estar agindo conforme a sua idade em alguma situação são afirmações que podem atrapalhar o desenvolvimento emocional de um filho.
Efeito na auto-estima
Vários estudos já mostraram que as crianças educadas com men-sagens encorajadoras conseguem ultrapassar com mais facilidade os obstáculos da vida. Já as que se sentem humilhadas ou diminuídas com o que ouvem dos pais costumam ter problemas de auto-estima e se tornar inseguras, frágeis e vingativas, diz Giselle.
Para ajudar os pais a refletir sobre o assunto, a especialista listou quatro frases que considera benéficas e outras quatro que, a seu ver, fazem algum tipo de mal aos filhos (quadro ao lado). Usando as palavras certas, você educa, põe limites e ao mesmo tempo fortalece a personalidade das crianças.
O que dizer...
· "Eu te amo, mas não gostei desse seu comportamento"
É sempre importante separar a ação (ele não voltou no horário combinado) do autor (seu filho). Faça-o entender que se comportar mal não faz dele uma pessoa má. Dizer que o ama na mesma frase em que você expressa sua desaprovação mostra que seu objetivo não é puni-lo, e sim ensiná-lo a se comportar de maneira apropriada.
· "Por favor, decida"
Você vai com seu filho ao mercado, diz que está sem dinheiro, mas ele insiste que quer um doce caro. Essa é uma boa hora para fazê-lo perceber as conseqüências de suas decisões. Você pode dizer, por exemplo, que só poderá levar o doce se descontar o valor da mesada dele. Faça isso sem ironia e peça que ele decida. Além de oferecer uma opção ao seu filho, você evita o papel de má e insensível.
· "Preciso da sua ajuda num problema"
Muitas vezes, o mau comportamento da criança reflete uma carência emocional momentânea. Então, se vocês estiverem num local público e seu filho começar a aprontar, em vez de repreendê-lo peça a ajuda dele para resolver um problema seu (qualquer um). Ele se sentirá útil e respeitado, deixando a birra de lado.
· "O que você realmente quis dizer a ele?"
Quando seu filho xingar alguém de raiva, chame-o para uma conversa e pergunte o que ele de fato queria falar à pessoa. Para as crianças, entender os próprios sentimentos não é fácil. Menos ainda traduzi-los em palavras. Essa dificuldade em se expressar acaba gerando brigas à toa. Conversando, você o ajuda a compreender a situação e a lidar com o conflito de uma maneira mais positiva.
...E o que nunca falar
· "Por que você não pode ser como seu irmão?"
Essa comparação faz seu filho se sentir um cidadão de segunda classe e atiça a rivalidade entre os irmãos. E ela dificilmente o fará molhar menos o banheiro ou melhorar o desempenho na escola. Esse tipo de comentário enfraquece a auto-estima e mina a autoconfiança da criança. O certo é pensar na educação de cada filho como um projeto único, aceitando suas fraquezas e dificuldades.
· "Comporte-se de acordo com sua idade"
Se o seu filho de 9 anos gritou com o de 4 por causa de um brinquedo, não use a idade dele como argumento para repreendê-lo, sugerindo imaturidade. Lembre-se de que ele ainda está aprendendo a lidar com diferentes sentimentos e situações. Não existe um padrão de comportamento certo para cada idade. Nessas horas, procure se ater ao motivo que levou a criança a agir daquela forma, sem diminuí-la.
· "Eu estava só brincando"
Essa frase costuma ser usada por pais que acreditam que provocar o filho de propósito é uma boa maneira de torná-lo mais forte. Um exemplo disso é chamar de "bicho-do-mato" uma criança tímida para forçá-la a se enturmar - e depois dizer que é brincadeira. Não funciona. O filho se magoa, perde a confiança nos pais e não se sente apoiado por eles.
· "Não corra, senão você vai cair"
Esse tipo de afirmação tem duas implicações negativas. A primeira é inibir a experimentação. Arriscar um novo passo, tropeçar, rever as estratégias e tentar novamente faz parte de qualquer aprendizado. Além disso, depois de escutar várias vezes essa frase e não cair, seu filho deixará de ouvir suas advertências. Prefira frases mais informativas e positivas, como "o copo está cheio, tenha mais cuidado" ou "verifique se os seus cadarços estão bem amarrados".
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