Tratar pets como criança pode trazer prejuízos a eles e aos donos:
Bisteca dorme na sua casinha, não se atreve a passar da porta para dentro de casa, brinca na grama e só come ração. No passado, essa seria a descrição da vida diária de qualquer cachorro. Mas, ultimamente, tem sido difícil encontrar cães com os hábitos da mestiça de fox paulistinha com lhasa apso, de 9 meses.
Sua dona, a empresária Ana Cristina Mendes, 45 anos, faz questão que seja assim. “Não existe fidelidade ou amor maiores do que o cachorro demonstra pelo dono, é impressionante. Mas não é por isso que vou tratá-la como gente”, diz Jonathan Campos / Gazeta do Povo.
A tal da “humanização” dos bichos não teria problema nenhum se não causasse prejuízos a eles e aos donos. “Os cães tratados como gente podem ficar mais inseguros e medrosos. Quando não recebem limites, tornam-se ansiosos e, consequentemente, destrutivos e desobedientes”, alerta o médico veterinário Paulo Parreira, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Quando a relação é de dependência e não de troca, o dono também vira refém daquele comportamento. A médica veterinária Raquel Sillas, do Hospital Veterinário Batel, conta, por exemplo, de proprietários que precisam ir todos os dias ao hospital para alimentar seus cachorros internados, que têm o costume de receber comida na boca.
“Hoje em dia os animais estão mais próximos da gente, são criados em apartamento. É normal que se humanize um pouco. Fazemos coisas que são importantes para nós e não para eles”, diz Raquel.
Parreira dá uma dica preciosa: os hábitos dados aos filhotes serão levados para a vida adulta do animal. Então, antes de levá-lo para dormir com você, dar comida na mesa ou deixá-lo pular em suas pernas porque “ele é tão fofinho” pense se esses costumes serão agradáveis quando o cachorro estiver grande.
(Érika Busani)
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