quinta-feira, 6 de junho de 2013

Procedimento de Emergência

“Em caso de despressurização máscaras individuais de oxigênio cairão automaticamente. Puxe uma delas para liberar o fluxo, coloque sobre o nariz e a boca, ajuste o elástico e respire normalmente, auxilie crianças ou pessoas com dificuldade somente após ter fixado a sua.”

Já prestou atenção nesse discurso? Parece egoísta? Não é!

Se você ficar sem oxigênio não poderá ajudar ninguém! Na verdade, será mais um para dar trabalho.
Podemos extrapolar o tal procedimento para muitas situações na vida, momentos nos quais precisamos de um tempo só nosso para depois poder fazer algo por alguém.

Passei por uma emergência dessas, graças a Deus pousamos com segurança. Hoje consigo ver isso, coloquei a máscara primeiro em mim, para só depois ajudar as meninas.

Parece cruel, eu sei. Aliás, ninguém sabe tanto quanto eu. Durante bastante tempo fui minha própria carrasca, com punições e auto flagelos – conscientes ou não – totalmente desnecessários. E nem por isso fui polpada, pelo contrario, o julgamento alheio costumava ser impiedoso, e de quem menos se espera: “Você viu, Laura não está nem aí para os filhas” – condenavam.

Não é que eu “não estava nem aí”, eu simplesmente não dava conta.

Também não fui a primeira e nem serei a última, muitas mães quando se separam perdem todos os instrumentos de navegação, voam as cegas, perdidas… Aí, aproveitando-se da falta de ar na cabine, da desorientação, solidão e do sentimento de fracasso, as filhas da mãe da culpa e da auto-piedade tomam conta de tudo! Putz, como é difícil, que dor, que culpa, que vergonha…

A gente quer colocar a máscara nas crianças, mas não consegue, não mesmo. Está errado? Não sei. Pode ser que faça parte do processo de crescimento, de rupturas ou talvez só proteção mesmo, fuga, pura e simples.

O que eu sei é que a tal da culpa com o reforço da comissão julgadora sádica, tornam-se um veneno que contamina e consome. O tempo que isso dura depende de cada um e passar a mão na cabeça nessas horas só piora. Por mais estranho que pareça a situação torna-se de certa forma “cômoda”, afinal de contas é sempre mais fácil colocar a responsabilidade nos outros.

“Tadinha, está precisando de ajuda. E as criança? nem me fale…” – repetem.

Então, como tem gente com “dó”, a infeliz recebe a atenção que acha merecer e emburaca cada vez mais! Nesse caso uns puxões de orelha e “prestenções” são mais do que necessários. But atention please, é possível fazê-lo sem machucar, tá? A cutucada não é para ferir, só para acordar!

Quando tempo isso dura? Depende de cada um, portanto, “take your time”…mas lembre-se que existem outras pessoas no mesmo vôo que precisam e se espelham em você. Fique bem e elas também ficarão, a recíproca é mais do que verdadeira.

Portanto, puxe a máscara para você sim, o tempo mínimo necessário para recuperar o fôlego! Depois jogue a culpa fora, esqueça os julgamentos e corrija o que for preciso. Nada que uma boa terapia, o tempo e amigos (de verdade) não resolvam. Faça a coisa certa, aceite as mudanças,na certeza de que suas atitudes falarão por você e mais nada.

Não há problema nenhum em seguir sozinha, não coloque a responsabilidade da sua jornada no outro. Respire fundo!

Concentre-se em seguida em quem necessita e dê-lhes condições de respirar. Ajude-os , sem mágoas ou culpa. Lembre-se: a culpa destrói, atrasa, isso quando não leva você e quem está ao seu lado para o chão! Coloque em prática, antes de entrar em casa escreva a palavra “culpa” em um pedaço de papel, embole e jogue no lixo. Dá certo, falo por experiência própria. Criar filhos e viver sem a maldita culpa é muito mais saudável.

Agora é hora de assumir o comando da própria vida, recline sua poltrona, relaxe e tenhamos todos uma boa viagem!

Ah, e você de fora, se não pode ajudar pedimos por gentileza não atrapalhar. 

A viagem é longa e esse mundo dá muitas voltas!

(Laura Barreto)


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