sábado, 20 de outubro de 2012

Seu casamento pode estar em perigo...


Como o transtorno de hiperatividade atrapalha a relação, quais são os sinais para identificá-lo e os caminhos para reconstruir a vida a dois:

DISPARIDADE
Estima-se que 80% dos portadores do distúrbio sejam homens, o que sobrecarrega a mulher na relação.

Seu marido ou sua mulher esquece o que você disse no minuto seguinte? 
Não se lembra de pagar as contas e de buscar os filhos na escola? 
Começa uma série de tarefas, mas não conclui nenhuma? Vive de mau humor? 
É possível que ele ou ela seja portador de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). E que você e seu casamento também estejam sofrendo as consequências. De ordem neurobiológica, o distúrbio provoca dificuldades de concentração e organização, impulsividade e irritabilidade e atinge 5% da população. “Mesmo com esforços, o comportamento do portador de TDAH é sempre assim, e isso é capaz de fazer ruir uma relação”, diz o psiquiatra americano Edward Hallowell, professor da Faculdade de Medicina de Harvard e um dos maiores especialistas no assunto. Estima-se que 80% dos portadores do transtorno sejam homens.

O distúrbio ganhou visibilidade por dificultar o aprendizado de crianças na escola, mas agora começa a ser estudado com foco nas relações conjugais por especialistas da saúde, como Hallowell. Com a sua consultoria, a pesquisadora americana Melissa Orlov lança no mês que vem, nos Estados Unidos, o livro “The ADHD Effect on Marriage – Understand and Rebuild Your Relationship in Six Steps” (Os efeitos do TDAH no casamento – entenda e reconstrua a sua relação conjugal em seis passos). Nele, ela auxilia os casais a identificar e a conviver com o problema. “Quem se casa com o portador de TDAH se sente sobrecarregado, ignorado e abandonado. E quem possui o transtorno, além de se sentir frustrado, tem a sensação de que se casou com o ‘monstro da reclamação’, que vive criticando.” Segundo Melissa, dividir o teto com quem tem TDAH, no mínimo, sobrecarrega. Por exemplo: as mulheres assumem 60% das tarefas domésticas, de acordo com um estudo americano. Esse percentual sobe para 95% no caso de esposas de portadores do distúrbio.

Para que a relação não seja destruída, antes de tudo, é preciso identificar o problema. O professor César Pereira, 51 anos, descobriu ser portador quando o filho, que ia mal na escola, recebeu o diagnóstico, há três anos – o transtorno é hereditário. Até então, o desempenho de César na vida doméstica era um mar de frustrações. “Eu não podia contar com ele para receber recados, fazer compras, levar ou pegar as crianças na escola e pagar contas”, diz a mulher, a professora Cecília, 49 anos. Ela conta que o marido era muito prestativo, fazia tudo o que devia, porém nunca no dia ou na hora certos. Hoje, César é mais organizado, mas já chegou a esquecer o filho na escola. “Eu também era irritado e hiperativo. E, por falta de organização, fazia dívidas com facilidade.” O diagnóstico é sempre um divisor de águas. “Quem é portador encontra uma razão para as suas limitações. E o seu parceiro descobre que nada daquilo é pessoal”, diz Melissa.

(Claudia Jordão)





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