terça-feira, 18 de setembro de 2012

Encare a tristeza



Os economistas David Blanchflower, do Darthmouth College , nos Estados Unidos, e Andrew Oswald, da Universidade de Warwick, na Inglaterra, publicaram recentemente um estudo que traz uma revelação sobre os nossos altos e baixos: segundo os pesquisadores, a probabilidade de termos episódios de tristeza profunda é muito maior na meia-idade, lá pelos 40 anos, do que na juventude ou na velhice. O artigo iluminou ainda mais um assunto que é alvo de muita discussão nos tempos atuais: a incidência de depressão e as formas de combatê-la.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença atinge cerca de 121 milhões de pessoas no planeta. Desse total, apenas 25% recebem tratamento adequado. A dificuldade é justamente diagnosticar um problema que é subjetivo e envolve emoções complexas. "Apesar das tentativas de padronização dos métodos que identificam esse mal, os critérios para isso ainda não são precisos", justifica o psiquiatra Raphael Boechat, da Universidade de Brasília.
De forma geral, a depressão se distancia da tristeza quando os sintomas — falta de interesse pelas atividades cotidianas e insônia, entre vários outros — duram mais do que o esperado ou são desproporcionais ao episódio que despertou esse sentimento em determinado momento da vida. Nesses casos, e quando o médico afasta totalmente a possibilidade de se tratar de "tristeza reativa" — nome que os especialistas dão à dor que resulta de uma perda ou uma decepção —, os psiquiatras defendem a medicação. "Até mesmo os casos mais leves de depressão clínica devem ser tratados com antidepressivos para evitar que se transformem em problemas mais sérios lá na frente", afirma Boechat.
"O crescimento do tratamento da depressão tem benefícios como a redução de suicídios e o aumento da produtividade", alerta, em artigo recém-publicado no British Medical Journal, o psiquiatra Ian Hickie, da Universidade de Sydney, na Austrália. No entanto, há quem afirme que o número cada vez maior de diagnósticos de depressão denote a falta de critério dos médicos ao avaliar os pacientes. "Por falta de preparo, muitos acabam prescrevendo remédios para amenizar episódios simples de tristeza", admite Boechat.

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