segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Criança perdida: como evitar?

O carnaval está chegando... Dicas de prevenção para andar com o filhote por aí e como orientá-lo em caso de se perder dos pais. E a descoberta de uma tecnologia inovadora!

Não sei se é assim com toda mãe, mas comigo, desde que a Bia veio ao mundo, nasceu junto o medo de perdê-la. Fico fantasiando as situações mais improváveis, porém possíveis. Sabe aquelas histórias malucas que a gente lê no jornal, tipo uma em um milhão? Criança sequestrada por papeleiro, outra roubada na calada da noite por alguém que entrou pela janela, à la Madeleine, reportagens sobre filhos desaparecidos no telejornal local. Pois é, elas não ajudam em nada a curar minha paranoia.
 
A vontade que dá é de colocar uma coleira no filhote e, confesso, ainda não me decidi se aprovo ou desaprovo as mães que efetivamente fazem isso. Já vi uma criancinha presa a uma mesa de restaurante através de um colete do qual saía um elástico. Ela podia brincar e se movimentar num raio de dois metros, mas não se afastar. Na época eu não tinha filhos e achei o ó. É fácil julgar quando não se está na pele da pessoa. Esse mesmo colete com guia no meio de uma multidão em um show ao ar livre, por exemplo, acredito que me traria paz de espírito na fase “impossível” da Ana Bia em que, cheia de vontade própria, não parava quieta. Nunca achei para comprar. E você, é contra ou a favor medidas extremas assim?
 
Minha mãe sempre conta que, quando eu era pequena, me perdeu numa grande loja de departamentos em Porto Alegre. Ela já estava pagando a conta, foi o tempo de olhar para a carteira para tirar o dinheiro e desapareci. Chamou, chamou, berrou, nada. Pegou meu irmão pela mão e saiu à minha busca. Vasculhou todo o andar de cima com o coração na boca. “O que vou dizer ao pai?”, se perguntava. Foi até a cabine de som, pediu para anunciarem nos autofalantes. Nem sinal. A essa altura estava prestes a desmaiar de pavor. Lívida, sentia palpitações. Olhou para a escada rolante e pensou: “Ela não pode ter descido”. Pois, do alto dos meus 4 anos, eu tinha feito exatamente isso.
 
No andar de baixo, uma prateleira de bonecas, que me chamou atenção ao entrarmos na loja, me deliciava. Distraída, tinha todo o tempo do mundo para examiná-la feliz e faceira. Por sorte, uma freira simpática que havia brincado comigo no andar de cima me viu por ali, sozinha, e indagou com quem eu estava. Não obtendo uma resposta, transformou-se em meu anjo da guarda e só voltou à forma humana quando me entregou, entre beijos e lágrimas, aos braços e abraços da minha mãe.
 
Graças à “Nossa Senhora do Ai que Susto, Já Passou”, a maioria dos casos é de frios na barriga momentâneos como esse, sumiços de minutos que parecem uma eternidade. Quem já não ouviu uma história parecida? De qualquer forma, é uma experiência que dispenso, não posso nem imaginar o desespero. Em meu próprio auxílio, mantenho sempre olhos de águia em cima da Bia seja na pracinha, na rua, no shopping, no clube, em qualquer lugar público. Hoje ela decorou, mas quando pequena eu escrevia meu celular em seus bracinhos quando saíamos em meio a multidões. Precaução nunca é demais.
 
Outra coisa que faço com a Ana Bia, agora que está maiorzinha, é combinar um local para o caso de nos perdermos uma da outra. Oriento-a para que não saia me procurando, mas fique parada feito estátua que eu volto pelo mesmo caminho e a encontro. Se eu demorar muito, muito mesmo, ela deve buscar ajuda junto apenas a policiais ou guardas fardados. Não deve falar com estranhos. E, acima de tudo, precisa manter a calma e confiar que vamos nos reencontrar, orientação esta que doutrino a mim mesma também. 
 
No RS, nossos veranistas argentinos e uruguaios nos ensinaram uma técnica ótima para encontrar crianças perdidas na praia. Quem achou o pimpolho coloca-o na cacunda e convoca pessoas para saírem pela beira-mar batendo palmas. De longe se vê aquela multidão barulhenta caminhando e orientando as famílias sob os guarda-sóis a também baterem palmas caso a cria não seja sua. É uma verdadeira onda que se propaga, todo mundo em alerta checando onde estão seus pequenos. Rapidinho encontra-se a mãe.
 
Mas esse papo todo surgiu porque ontem, numa reunião, ouvi falar de um sistema de identificação por radiofrequência, o RFID, uma espécie de pulseirinha que emite sinais de rádio para bases transmissoras espalhadas pelo ambiente. Um código de barras alternativo. Tem sido usado em festas e eventos, há uma central que recebe os dados do que você consumiu, visitou, repassa para o seu celular e o resto é pura diversão.
 
Já pensou instalarem esse sistema nos blocos de rua do Carnaval? Na alta estação, quando aquele mar de crianças se confunde nas ruas, bem que seria bom rastrearmos seus passos justamente para deixá-los mais livres. E nas nossas praias, em shoppings, eventos infantis, parques. Empresários, antenem-se! Ajudem a sintonizar na estação “tranquilidade” esses pobres corações de mães.
(Ana Kessler)
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário