Ouvir em silêncio é uma maneira especial de participação ativa, e não passiva, no mundo.
O silêncio é um requisito para que se ouça a intuição pessoal, para que se possa viver com um senso de direção.
Como saberemos que caminho seguir na vida se não ouvirmos as vozes divinas dizendo: “Não, por aí não. Vá por aqui”?
Preciso do silêncio para ouvir as intuições que passam por mim, como anjos em suas vaporosas trilhas, produzindo sons suaves, que mal se percebem.
Ler em silêncio e imóvel é um convite a essas intuições que dão forma à vida.
As bibliotecas oferecem uma espécie ativa de silêncio, e eu esperaria encontrar muitos anjos como Gabriel nesses locais, assim como na cena do filme Asas do Desejo, de Wim Wenders, na qual alguns anjos fazem uma visita a uma biblioteca moderna.
Em silêncio, podemos ouvir sons sutis que em geral são abafados pela cacofonia gerada por uma cultura tecnológica. Encontre uma sala sossegada no meio de uma cidade e você começará a ouvir o tique-taque de relógios ou perceber seus próprios suspiros à medida que suas emoções se manifestam.
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