sexta-feira, 8 de junho de 2012

Sono e seus distúrbios


Sono normal
O sono é um estado complexo e ativo, muito importante para o desenvolvimento normal do cérebro, os processos de memória e aprendizado. É também no período de sono noturno que são liberados alguns hormônios imprescindíveis para a maturação, o crescimento e a manutenção da saúde do nosso corpo.

Estágios do sono
O sono apresenta cinco estágios que se alternam. Um ciclo de sono é considerado completo quando todos os estágios estão presentes e costuma durar cerca de 90 minutos.
Desta forma uma pessoa que durma 6 horas numa noite apresentará cinco ciclos de sono e outra que durma 8 horas, seis ciclos. Na primeira metade da noite predomina o sono profundo e na segunda metade o sono REM. Por estes motivos dificilmente acordamos na primeira metade da noite. Na segunda metade sonhamos, e também acordamos, com mais facilidade.
Estágio 1: Na verdade é uma fase de transição entre a vigília e o sono, na qual somos facilmente acordados.
Estágio 2: Representa a maior parte do tempo de sono. Apesar de ser um estágio posterior ao estágio 1 ainda é um sono superficial e o despertar pode ocorrer como resposta a pequenos estímulos. Os movimentos oculares cessam, as ondas elétricas cerebrais tornam-se mais lentas, a freqüência cardíaca e a temperatura diminuem.
Estágios 3 e 4: são conhecidos como estágios de sono profundo. Aparecem principalmente na primeira metade da noite e se caracterizam por relaxamento muscular mais intenso que nos estágios anteriores, permanecendo ativos apenas os músculos envolvidos na respiração e na movimentação dos olhos.

É necessário um estímulo externo mais forte para acordar alguém que esteja em sono profundo. O cérebro parece estar “desligado” do mundo exterior, tem sua atividade e o seu fluxo sanguíneo reduzidos com o objetivo de recuperar as energias que foram demandadas durante o dia. É o período em que o nosso metabolismo trabalha em níveis os mais baixos das 24 horas do dia.

Sono REM ou paradoxal: também conhecido como o estágio dos sonhos. Leva este nome porque apesar da pessoa estar dormindo e a musculatura esquelética relaxada, a atividade elétrica cerebral é intensa (como se ela estivesse acordada), a pressão arterial, a freqüência cardíaca e respiratória são semelhantes ou mais altas que as observadas durante a vigília.
Forma-se grande número de imagens na forma de sonhos e há intensa atividade cerebral, principalmente nas áreas ligadas ao “stress” e à emoção, geralmente manifestadas na forma de medo ou ansiedade.

Tempo de sono considerado normal

A necessidade diária de sono é individual. Cada pessoa precisa de determinado número de horas diárias de sono para se sentir bem. A necessidade diária de sono varia nos seguintes grupos:

Crianças: Necessitam cerca de 14 a 16 horas por dia. Além das horas de sono durante a noite realizam alguns cochilos durante o dia.
Adolescentes: Necessitam cerca de 9 horas de sono por noite. O sono é muito importante nesta fase da vida pois é durante o sono que ocorre a liberação do hormônio do crescimento.
Adultos: Para a grande maioria dos adultos 7 a 8 horas de sono por dia são suficientes. Entretanto existem aqueles que se satisfazem com seis ou menos horas bem como os que precisam dormir dez ou mais horas por dia para se sentirem bem.
Gestantes: No primeiro trimestre e às vezes durante toda a gestação a necessidade de sono pode ser bem maior que o usual.
Idosos: Costumam dormir menos durante a noite, tendo o sono fragmentado e com elevado número de despertares. Apresentam sonolência durante o dia e realizam cochilos diurnos compensatórios.

Bruxismo
Bruxismo do sono é um distúrbio do sono caracterizado pelo apertar e ranger dos dentes, de forma involuntária,  com aplicação de forças excessivas sobre a musculatura mastigatória. A palavra bruxismo do sono vem do grego brycheinm, que significa ranger dos dentes.
O bruxismo diurno é diferente do bruxismo noturno ou do sono. Assim, o bruxismo diurno é caracterizado por uma atividade semivoluntária da mandíbula, de apertar os dentes enquanto o indivíduo se encontra acordado, onde geralmente não ocorre o ranger de dentes, e está relacionado a um tique ou hábito. Já o bruxismo do sono é uma atividade inconsciente de ranger ou apertar os dentes, com produção de sons, enquanto o indivíduo encontra-se dormindo.
O bruxismo do sono é um problema que afeta sobretudo as crianças podendo também afetar os adultos.
O ranger provoca um desgaste nos dentes que pode afetar a integridade dos mesmos e comprometer a saúde bucal. O bruxismo do sono também "força" e cria tensões ao nível das articulações temporomandibulares (ATM) que pode causar desgastes e eventuais problemas.

As causas do bruxismo do sono são multifatoriais e ainda pouco conhecidas. A má oclusão dentária e tensão emocional podem estar relacionadas a este distúrbio.
O ruído característico do ranger dos dentes, desgaste dentário, hipertrofia dos músculos mastigatórios e temporais, dores de cabeça, disfunção da articulação temporomandibular, má qualidade de sono e sonolência diurna estão entre as principais manifestações clínicas do bruxismo do sono.
O diagnóstico é feito pela observação de um desgaste dentário anormal, ruídos de ranger de dentes durante o sono e desconforto muscular mandibular.

A polissonografia registra os episódios de ranger dos dentes, permitindo identificar alterações do sono e microdespertares. As alterações predominam no estágio 2 do sono não REM e nas transições entre os estágios.
A polissonografia permite ainda o diagnóstico de outros distúrbios do sono, tais como ronco, apnéia do sono, movimentos periódicos dos membros, distúrbio comportamental do sono REM e outros.
O tratamento deve ser individualizado para cada paciente. Como o bruxismo do sono tem causas variadas, o tratamento também segue na mesma direção. O uso de placas orais moles (silicone) ou duras (acrílico) visa a proteção dos dentes prevenindo o desgaste dentário ou fraturas durante o sono. Geralmente se faz necessário abordagem psicoterápica, odontológica, farmacológica e suas combinações, de acordo com o perfil do paciente.
Aplicações locais de toxina botulínica nos músculos envolvidos têm sido utilizadas em casos de bruxismo do sono que não respondem ao tratamento convencional.

Apnéia do sono 
Apnéia significa "parada da respiração". Apnéia do sono é o distúrbio no qual o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração (apnéias) enquanto dorme. As apnéias são causadas por obstruções transitórias da passagem do ar pela garganta de pelo menos 10 segundos de duração. Quando ocorrem apnéias com frequência maior que 5x/hora no sono dizemos que o indivíduo é portador de apnéia do sono.
Estima-se que cerca de 4% das mulheres e 9% dos homens adultos sofram de apnéia do sono, sendo que sua prevalência é maior entre os obesos e maiores de 35 anos.
Curiosamente, apesar de possuir alta prevalência na população, apenas recentemente a medicina reconheceu, através de estudos científicos, os riscos trazidos por esta doença e a importância do seu diagnóstico. Deste modo, sabe-se que cerca de 90% dos indivíduos que possuem apnéia do sono ainda não possuem o diagnóstico ou sequer foram alertados pelo seu médico para a possibilidade de sofrerem desta doença.

O que provoca a apnéia do sono
 • Aumento do peso (causa mais comum nos adultos): o excesso de tecido mole na garganta dificulta mantê-la aberta.
• Os músculos da garganta e língua relaxam mais do que o normal: isso tende a agravar-se com a idade.
• Alterações do formato da cabeça e pescoço pode resultar em menor espaço para passagem de ar na boca e garganta.
• Amígdalas e adenóides grandes são causa comum de apnéia do sono na criança.

Consequências da apnéia do sono?

Cada vez que ocorre uma apnéia ocorre uma diminuição rápida da oxigenação sanguínea. A fim de evitar a morte por asfixia, o organismo envia um “sinal” ao cérebro despertando-o por tempo suficiente para conseguir desobstruir a garganta. Ou seja, ocorre um microdespertar que o indivíduo não percebe e nem lembra no dia seguinte. Esse fenômeno pode repetir-se até 1000 vezes em cada noite de sono nos casos mais graves. Após cada microdespertar ocorre também uma descarga aguda de hormônios do estresse como adrenalina e outros que, aliada a queda da oxigenação sanguínea, pode desencadear arritmias cardíacas, infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC) durante o sono. Além disso, a apnéia do sono não tratada, a longo prazo, ocasiona ou agrava várias doenças como diabetes, obesidade, hipertensão, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, AVCs, entre outras.

Pesadelos
Pesadelos são sonhos que ocorrem durante a fase de movimentos rápidos dos olhos (REM) e que traz sensações fortes, e sem escapatória, de medo, terror, angústia ou ansiedade extrema, normalmente acordando a pessoa.
Os pesadelos tendem a ser mais comuns entre as crianças, diminuindo sua freqüência com a idade. Nas crianças, o conteúdo do pesadelo pode ser influenciado pelas experiências do dia como televisão, filmes ou eventos assustadores da vida real. Nos adultos, essa associação é menos específica. A maioria dos adultos tende a não se recordar do conteúdo de seus sonhos ou pesadelos, ou apenas de pequenas partes dessas experiências.
Os pesadelos ocasionais sem outros sintomas são ocorrências comuns e não precisam de tratamento.

Alimentar-se imediatamente antes de ir dormir, o que aumenta o metabolismo do corpo e a atividade cerebral, pode provocar a ocorrência de pesadelos com mais freqüência.

Causas comuns:

-  doença com febre
-  morte de um ente querido (distúrbio de estresse pós-traumático)
-  ansiedade ou estresse
-  reação adversa a, ou efeito colateral de, um medicamento
-  suspensão recente de ingestão de uma droga, como pílulas para dormir
-  efeito do álcool ou consumo de álcool excessivo
-  abstinência alcoólica abrupta.

Obs.: Este problema pode ter outras causas. A lista não menciona todas elas, nem as cita em ordem de probabilidade. As causas deste sintoma podem incluir doenças pouco comuns e medicamentos. Além disso, as causas variam conforme a idade e sexo da pessoa afetada e os seguintes aspectos específicos dos sintomas: localização, características, evolução, fatores agravantes, fatores atenuantes e queixas associadas.

(Marcelo jorge de Souza leão Andrade)




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