segunda-feira, 11 de junho de 2012

Contos de fadas

Crescer é abrir mão das ilusões, abandonar o Papai Noel, o anjo da guarda, é assumir uma imensa solidão, enfrentar o desamparo.
Deixando os seres mágicos protetores para trás nos julgamos vacinados contra a fantasia.
Ledo engano!
Na adolescência e na vida adulta há o desafio do amor, que é incerto, inconstante, inverso daquele que supomos nos pais, na casa da infância. A tarefa é tão difícil que engendramos novas fantasias reconfortantes: principalmente a de que existiria um grande amor, cuja magia daria sentido à vida.
Os contos de fadas são feitos dessa expectativa de plenitude, que obviamente não sobrevive à vida real. Por isso, o amor do conto de fadas contemporâneo continua preso ao momento do "antes".
"Felizes para sempre" é futuro, é puro potencial. O presente soa murcho e pequeno. Comédias românticas acabam no encontro, quando o amor ainda podia ser tudo. Não há magia na estabilidade, ela nos assusta.
Nossos príncipes e princesas estão presos ao início, como se sempre fosse a primeira vez. Resta o segredo para viver um grande amor: estar sempre o refundando.

(Diana Corso)

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