sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Cigarro: é possível viver sem ele

Do ponto de vista do vício, ou seja, da perda do controle sobre a droga, o Tabagismo provoca uma das dependências mais severas, e de recuperação dificílima. Dr. José Rosemberg que foi professor titular de pneumologia da PUC-SP, e presidente do comité coordenador de controle do tabagismo no Brasil, afirma: “A NICOTINA provoca mais dependência física que a cocaína e a heroína, e por isso, é tão difícil largar o cigarro. Não há dependente mais fiel ao vício do que o tabagista”.
Veja alguns motivos que explicam a razão dessa afirmação:
- Foi descoberto, o cigarro turbinado (adição de amônia ao tabaco, para liberar maior quantidade de nicotina e aumentar o vício). É muito importante a consciência que o cigarro que se fuma hoje, não é o mesmo de antigamente.
- Nenhuma outra droga produz tantos estímulos cerebrais quanto à nicotina.

Ex: Se uma pessoa fuma 20 (vinte) cigarros por dia, há uma média de 200 tragadas, são duzentas vezes que uma pessoa leva um objeto à boca, além dos 200 impulsos cerebrais.
Por isso, costuma-se dizer que é quase um VÍCIO FISIOLÓGICO.
- É uma droga barata, lícita (não diminui a liberdade de uso), é encontrada em todas as esquinas e os estímulos visuais são constantes.
- É a única droga aonde não se vê com facilidade os benefícios a curto prazo na interrupção, pelo contrário, só aparece a falta, a sensação de perda. Já com o vício do álcool, da cocaína, ou da heroína, a pessoa costuma ter a sua vida afetada ou às vezes arruinada socialmente, profissionalmente, além dos conflitos com sua própria família. Na interrupção, a pessoa pode ter a síndrome de abstinência, mas logo após aparecem os ganhos, o resgate de muitas coisas que foram perdidas.

Os prejuízos do cigarro no organismo são tremendos, porque além da nicotina, existem mais 4700 substâncias tóxicas que formam uma verdadeira quadrilha criminosa, levando com frequência a doenças gravíssimas e muitas vezes até a morte. Nesse momento, muitos perguntariam:
“Por que hoje, que se tem tanto conhecimento da gravidade desse vício, milhões de pessoas inteligentes e bem informadas não conseguem, parar, ou quando param, costumam voltar?”

Foi buscando entender todo esse processo que desde 1983, comecei a me dedicar ao Tabagismo, lendo e catalogando todos os artigos, reportagens, livros e participando de congressos, simpósios e workshops sobre esse tema. Inclusive a minha monografia de pós-graduação em Psicologia Médico-Hospitalar foi: “TABAGISMO: UMA GRANDE LUTA PARA UM GRANDE VÍCIO ”
Sendo psicanalista e ex-fumante de peso, tendo vivido na pele todas as contradições, tentações e conflitos para me libertar desse vício, decidi me especializar nesse assunto, para ajudar as pessoas mostrando que é possível ficar livre dele.
Dados da OMS afirmam que somente de 2% a 5% das pessoas conseguem largar e se manter sem cigarro sozinhas. Já com acompanhamento, o índice pode chegar a 67%.
Algumas pessoas dizem para os fumantes, que é só uma questão de força de vontade, recriminam e criticam quem ainda não largou. Essa é uma das grandes queixas dos que fumam. Não é porque algumas pessoas conseguiram deixar sem muito sofrimento, que os outros terão a mesma experiência. Cada caso é um caso e exitem inúmeros fatores que diferenciam cada um. A verdade é que não é um vício para ser banalizado como muitos fazem, e nem é simples como muitos querem crer. Porque o maior problema não é o deixar o cigarro, e sim abandoná-lo definitivamente.
O fumo causa três dependências: a física, comportamental (hábitos) e psicológica.
Na dependência física podemos utilizar medicamentos bem modernos que reduzem bastante muitas sensações desagradáveis, podendo praticamente evitar a síndrome de abstinência.
Os condicionamentos (associações como beber e fumar, comer e fumar., etc.) vão sendo desfeitos pouco à pouco, à medida que a pessoa para de fumar.
É a dependência emocional, a mais complexa e a mais difícil de ser superada. Os fumantes costumam colocar o cigarro num lugar “mágico”, com uma convicção que é ele que alivia, acolhe, protege, ameniza a solidão, a insegurança, o vazio intolerável, o sentimento de abandono, etc. Essa relação afetíva tão intensa com o cigarro foi aprendida e construída paulatinamente, ao longo dos anos. A verdade é que nenhuma droga resolve nossos conflitos existenciais.
É muito comum encontrarmos pessoas que dizem: Eu já desisti de tentar, não adianta, é muito difícil, já tentei várias vezes.
Além da minha experiência na Santa Casa fazendo triagens, atendimentos individuais e coordenando Grupos, atendo no Consultório há muitos anos ajudando às pessoas a largarem o Cigarro.
Faço um acompanhamento desde o início do processo quando a pessoa ainda não tem a certeza se quer deixar ou não, até quando ela já está há tempos sem fumar, num processo de manutenção, até quando ela estiver se sentindo segura.

Precisamos aprender outras formas de lidar com as tristezas, as dificuldades e as perdas na vida. Se hoje é difícil lidar com os problemas e precisamos do cigarro, como vai ser amanhã com mais a doença provocada pelo cigarro?
A vida nos oferece outras opções para lidarmos com nossos conflitos e cabe a nós encontrá-las.
Quanto mais formos capazes de conhecer nossas fragilidades, nossos pontos fracos e a ligação com o nosso vício, mais fortes emocionalmente e mais equipados estaremos para combater essa dependência com boas chances de vitória.

Texto de Solange Quintaniha
Psicóloga Médico-Hospitalar, Psicanalista e Psicóloga Motivacional. Especialista na Terceira Idade e em Tabagismo. Palestrante de Temas Existenciais e Autoajuda.
Contatos: (21) 8179-99-99
E-mail:solangepsi8@gmail.com


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